Aqui na comunidade onde me escondo, qualquer fagulha vira incêndio. É impressionante como uma maioria tende a lutar por bandeira própria.
Empunham suas raquíticas armas da razão e vão a bom contento exigir o que lhes cabem deste latifúndio. A arena ali se forma e, de espada em punho, põe-se a digladiar e no final, que abram as grades e chamem os leões!
Esta semana, não foi diferente. Com tema atualíssimo (Economia de água) foi difícil manter-me imparcial. Lembrei-me do enunciado abaixo que escrevi aos 17 anos e, não sei por qual razão, ainda o sei de cor.
“As águas que correm ao longo deste planeta, são elas tristes e mornas, são vítimas e indefesas.
Indiferentes e maltratadas são rastro da destruição, são lagrimas de nossa mãe terra, murmúrios de um coração.
As águas que aos nossos olhos transparecem ou não, sejam rio, riacho ou regaço, salto ou cascata, cachoeira ou catarata estão como sangue que corre na veia de um doente sem salvação.
E por serem saltos de um mesmo pé e dedos de uma mesma mão, são como as raras palavras no bom enredo das novas canções. É o prólogo de mim que sou poeta e vejo o epílogo nas próximas gerações”.
Embora eu o tenha escrito porque, precisava utilizar os antônimos prólogo e epílogo, os meus sentimentos pelo tema escolhido, jamais foram efêmeros. Falar sobre o sangue da terra, foi externar mais um dos meus ruídos introspectivos, sobre questões ambientais, mesmo antes da cunhada expressão eco 92.
As palavras em questão foram, invariavelmente pronunciadas, penso que até fora de contexto, pelo professor de química, mas haveriam de dar bom efeito em alguma frase. Pensei!
As anotei no caderno e, em casa, corri a pesquisa-las. Não havia google. Pus-me então a procurar no pai dos burros. Sim tínhamos um; desde a quinta série. De capa vermelha, adquirido com pagamento a perder de vista. Coisa de 10 ou mais prestações semanais.
Durantes as primeiras semanas desta aquisição. Nosso pai não fez outra coisa senão abri-lo aleatoriamente e nos sabatinar sobre o significado de mil e uma palavras. Muitas delas, não sabíamos, mais por conta da sua pronúncia e leitura capengas. Fato é, precisávamos melhorar nosso vocabulário imediatamente, dava-nos a entender.
Por isso tracei um paralelo de rimas, que ao meu ver, não cabem a outro senão a Drummond, para enfim, utilizar as minhas duas palavras de ordem.
Hoje, ados esses 24 anos é bom constatar que minha memória continua pródiga, porém o valor literário do enunciado, dispensa avaliações; em compensação, todos aquele simples prenúncio em relação ao agora, em parte, infelizmente, se concretizou.
E, enquanto a sociedade não aprender que “A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas”. Johann Goethe, o homem continuará sendo o lobo do homem!