Pique-esconde 2.0

Na era digital, profissionais discutem porque a forma de brincar mudou.

Com o intuito de resgatar e incentivar o exercício de brincar na infância e trazer a reflexão sobre a importância da brincadeira como momento de criação cultural e humana por excelência, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) definiu o dia 31 de maio como o Dia Internacional do Brincar.

Mas o avanço tecnológico dos brinquedos tem deixado cada vez mais as diversões lúdicas como pega-pega, pique-esconde, pular elástico, e outras atividades que foram realizadas por milhares de crianças nas décadas adas, esquecidas pelos pequenos de hoje em dia.

“Brinco de pega-pega e futebol na escola, mas quando estou em casa gosto muito de jogar vídeo game”, declara o estudante Tiago de Melo Figueiredo, de 8 anos.

Já o estudante Matheus Arruda Matos, de 12 anos, tem dividido seu tempo entre as atividades físicas em os jogos eletrônicos.

“Divido meu tempo entre o vídeo game e, incentivado pelo colégio, também pratico esportes tênis de mesa”, diz o estudante Matheus Arruda Matos, de 12 anos.

De acordo com Letícia Zero, do Núcleo de Projetos do Colégio Sidarta, os adultos têm a tendência de ser saudosista e imaginar que porque a criança não se diverte com brincadeiras lúdicas, elas brincam de forma errada.

“Não existe certo ou errado, a criança se desenvolve da mesma forma. Mas tem de haver equilíbrio entre o uso de vídeo games e as brincadeiras com exercícios corporais”, declara.

Ana Karina Dacol, coordenadora do ensino fundamental 2 do colégio Sidarta, concorda com Letícia.

“O importante é ampliar o repertório das brincadeiras e não excluí-las. A tecnologia voltada para brinquedos existe e vem para somar. Mas é importante que as novas formas de brincar socializem”, diz Karina.

De acordo com a coordenadora, as crianças nem precisam de brinquedo para se divertirem. “Tendo espaço e tempo livre, tudo a sua volta, por meio de sua imaginação torna-se um brinquedo”, ressalta.

Para a psicoterapeuta Renata D. Galan Sommerman, esta nova forma de brincar vem mudando por causa do fator segurança.

“Uma questão a ser levantada é que nos dias atuais, o espaço do brincar da criança se restringiu em função da segurança. Antigamente as crianças brincavam nas ruas de forma mais livre e solta, hoje as famílias foram para os apartamentos e é raro ver crianças brincando na rua”, salienta Renata.

De acordo com a psicoterapeuta, no nível físico esta mudança do espaço do brincar acarreta um menor uso do corpo e uma diminuição de suas possibilidades: A criança corre e pula menos, cai pouco e também se machuca menos, testando pouco seus limites corporais e restringindo assim o desenvolvimento de seu potencial físico.

“É importante que os pais ou responsáveis estimulem fisicamente as crianças levando-as em espaços abertos, ao ar livre, para evitar que elas fiquem somente dentro de casa na frente da televisão, computador ou video game, o que pode gerar problemas alimentares como a obesidade”, finaliza Renata.

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