Era uma vez centenas, centenas e centenas de crianças e adolescentes que habitavam um lugar chamado Terra do Nunca. Um lugar mágico, que por falta de investimento, ninguém crescia.
Mas mesmo sem crescimento, sem segurança, sem investimento e sem perspectivas, todo dia era festa na Terra do Nunca.
Até que um dia, o Governador Gancho resolveu tomar providencia e acabar com a festa naquele local, e como parte do plano, também decidiu fechar alguns locais da Terra do Nunca e separar as crianças e adolescentes.
Esses jovens, teoricamente sem uma liderança, assim como nos longas-metragens de uma empresa cinematográfica de animação norte-america, resolveram resistir bravamente e enfrentar os piratas do Governador Gancho.
A luta persistiu por dias. Muitas acusações. Muitas ações descabidas dos dois lados. Até que o Governador Gancho desistiu de tomar a Terra do Nunca e declarou que não pretendia mais realizar seus planos.
Mas curiosamente, depois de vencida a batalha, as crianças da Terra do Nunca continuaram a lutar – mesmo sem um adversário – e decidiram sair da Terra do Nunca para tomar ruas e avenidas próximas ao local sagrado.
Bradavam que era por uma Terra do Nunca melhor. Mas como pode ser isso?
Como ter uma educação melhor sem aula? Será que por causa da falta daquele investimento do início da história, hoje em dia há falta de discernimento dos garotos perdidos? Ou será que todos eles entrarão em uma montanha-russa em um parque de diversões e mudarão de história?
Mais confusas e incertas que essas perguntas é o futuro dessa garotada, que acredita que reivindicação sem um foco promissor e local correto, pode transformar a Terra do Nunca em uma linda estrada de tijolos dourados.
Essa é uma realidade Tão Tão Distante.
Saul Queiroz é autodidata, inclusive na arte de inventar pequenos currículos de três linhas para o final de suas crônicas. Exímio domador de lobos, Saul cuida com muita justiça de suas feras internas.